Texto Lucia Pires
A Lei Aldir Blanc, em São Francisco de Paula, premiou o CTG Rodeio Serrano por sua Trajetória Cultural. A entidade recebeu o valor de R$ 10 mil por sua contribuição cultural e também como auxílio à entidade que, no ano da pandemia, deixou de realizar ações culturais. O CTG também teve despesas de manutenção pagas pela Lei de Emergência Cultural. O prêmio Trajetória Cultural foi concedido ainda ao Grupo de Cavalhadas de Cazuza Ferreira.
Um pouco da história
Aos sete dias do mês de maio de 1955, o Centro de Tradições Gaúchas Alziro Torres Filho passa a se chamar Rodeio Serrano. A entidade tradicionalista surgiu antes do Movimento Tradicionalista Gaúcho, e, portanto, uma das instituições culturais mais antigas do Estado e do município de São Francisco de Paula.
O CTG Rodeio Serrano funciona hoje em sede própria. Abriga invernadas e realiza eventos culturais, artísticos, campeiros, esportivos e de lazer, promovendo bailes, festivais, rodeios, campeonatos, oficinas e palestras, sempre com a finalidade de cultuar os costumes.
Por sua história, passaram 28 patronagens, que é o grupo de pessoas encarregadas de manter o CTG, por meio de ações que promovam a identidade do serrano, a perpetuação da história, do folclore, da cultura e da tradição do Rio Grande do Sul. O primeiro patrão foi Oscar Teixeira (in memorian) e o atual é o advogado Canderoi Pinto de Quadros.
A influência das mulheres marca o CTG Rodeio Serrano. Elas deram os primeiros passos para a formação da entidade, formando a primeira invernada artística e passaram para a história quando assumiram a gestão da patronagem em 2017, com o grupo formado exclusivamente feminino, lideradas por Neusa Teresinha da Silva Reis.
O CTG Rodeio Serrano tem sido palco do Festival serrano “Ronco do Bugio”, e organizou algumas edições. Também foi parte do cenário do filme de Teixeirinha “A Quadrilha do Perna de Pau”, em 1976, em que cidadãos serranos foram figurantes do elenco.
Destaca-se também os campeões de laço do Rodeio da Vacaria, Odenaour Pacheco Reis e Eron Pinto dos Santos, bem como Agnel Pacheco, que também foi patrão do CTG.
O Departamento Campeiro da entidade organiza há décadas Rodeios Crioulos Interestaduias, contribuindo para a propagação da cultura campeira e da economia do município. Na patronagem de Sérgio Alouizio Barbosa, em 1996, a Invernada Adulta do Rodeio Serrano levou a bandeira do CTG, do Município e do Estado para um Festival de Folclore em Portugal.
As prendas e peões da entidade preocupam-se em estar envolvidos com a comunidade, atuando com projetos desenvolvidos dentro e fora da sede da entidade, com oficinas e palestras abordando temas de relevante valor social e que são trabalhados temas tradicionalistas. Entre as prendas, destacam-se Maria Asmuz, primeira prenda de faixa da entidade e Fernanda Gallina, que trouxe faixa de prenda estadual para São Francisco de Paula.
Nos festejos farroupilhas, realizados durante o mês de setembro, cavaleiros da entidade e do Município buscam a Chama Crioula, símbolo máximo da cultura gaúcha, que no lombo de seus cavalos resgatam e mantém vivos costumes, cultivando nossa tradição e enaltecendo valores e ideais que perpetuam desde o século XIX, com nossos heróis farroupilhas.
Durante a Semana Farroupilha, quando o orgulho e amor pelas tradições transcendem ao movimento tradicionalista e a sociedade vem em busca do contato com a cultura, as atividades do CTG tornam-se mais intensas, com participação da comunidade em gincanas escolares, ronda crioula, apresentação de invernadas do Rodeio Serrano e de CTGs visitantes, shows e bailes tradicionalistas gaúchos.