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Bugio é reconhecido como patrimônio cultural imaterial do Rio Grande do Sul
O gênero musical e de dança bugio foi oficialmente reconhecido como patrimônio cultural imaterial do Rio Grande do Sul em cerimônia realizada na última terça (12) pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado (Iphae) e pela Secretaria de Cultura do Estado. O ato contou com a presença de autoridades, personalidades ligadas ao tradicionalismo e representantes de São Francisco de Paula e São Francisco de Assis, municípios que têm ligação direta com a origem do ritmo e colaboraram no processo de pesquisa que embasou o reconhecimento.
Considerado o único gênero musical regionalista genuinamente gaúcho, já que outros ritmos típicos do Estado têm influência de expressões culturais de países vizinhos ou de imigrantes, o bugio nasceu inspirado no som característico do macaco bugio, presente em diversas regiões do território gaúcho. A sonoridade peculiar, reproduzida no fole da gaita, e a dança que imita os movimentos do animal tornaram-se marcas registradas dessa manifestação cultural.
Apesar da disputa histórica entre São Francisco de Assis e São Francisco de Paula pelo título de “berço do bugio”, as cidades se uniram em prol do reconhecimento oficial. Ambas realizam festivais dedicados exclusivamente ao gênero, a Querência do Bugio, em São Francisco de Assis, e o Ronco do Bugio, em São Francisco de Paula e prepararam juntas uma apresentação inédita para a cerimônia, reunindo músicos das duas localidades.
A história do bugio remonta ao século 19, quando gaiteiros, em tom de brincadeira, começaram a imitar o ronco do macaco nas gaitas de botão. O primeiro registro fonográfico ocorreu em 1955, com “O Casamento da Doralícia”, dos Irmãos Bertussi, canção que se tornaria um clássico e ajudaria a difundir o gênero em todo o Estado. A comicidade das letras e o caráter lúdico da dança fizeram do bugio uma atração especial nos bailes, especialmente entre as crianças e a juventude tradicionalista.
Em São Francisco de Paula, o Festival Ronco do Bugio é o principal palco de valorização do gênero. Realizado anualmente, reúne artistas de diversas regiões para celebrar e renovar a tradição. O evento se tornou referência no cenário cultural gaúcho, atraindo público expressivo e servindo de vitrine para novas composições e interpretações do bugio, mantendo viva uma manifestação que integra a identidade do município e de todo o Rio Grande do Sul.


Foto: Solange Brum/Ascom Sedac
Rafael Varela/SEDAC